O arauto do fim
- Desafios da Escrita
- 31 de mai. de 2024
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O arauto do fim
E outra alma eu coletei
Já foram tantas na minha carreira que a conta já nem mais sei.
Sinceramente, começo a ficar farto.
A minha memória apagou a última vez em que tenha descansado.
A minha profissão é um pouco diferente
Não é coisa que mero mortal aceite
Por isso deixa-me explicar, claramente,
Espero que no final penses em mim diferente.
Eu mato pessoas
Ou, para ser sincero, eu mato seres vivos.
E antes que fiques aterrorizado,
Vou explicar-te bem, atenta os teus ouvidos.
Eu mato, no presente como no passado,
e assim farei no futuro.
Eu mato, homem e mulher, criança e idoso,
Branco ou preto, cristão ou muçulmano,
Da pré-história até à era contemporânea,
Eu mato tudo o que a terra deu fruto
Nem mesmo animais e plantas estão salvos do seu fim absoluto.
Os humanos são os que eu mais gosto de ouvir
Já vi desprezíveis que dava vontade de rir.
Assim como testemunhei humanos sensatos e de bom coração.
Mas, no final, todos ainda têm lá dentro escuridão.
É a prova de que eles estarão sempre
fadados a pecar,
Mesmo sendo puros, é um destino incapaz de mudar.
A cada humano que passa por mim
O meu tédio é o que sempre senti.
Talvez seja isso que os faz belos
Não tendo imortalidade e sendo imperfeitos
Todos com os seus defeitos são contentes.
Ah, lá no fundo do meu coração invisível, quem me dera ser como eles.
Francisco Montenegro – 11º 24
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