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O gato que mudou um Natal

  • Desafios da Escrita
  • 19 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

                                         O gato que mudou um Natal

            Deveria ser uma noite de Natal calorosa, mas já nem o chocolate quente aquecia a noite congelante causada pela solidão e pelo frio. 

            Dona Gilda encontrava-se em mais um Natal, apenas acompanhada pelas memórias. Lá fora nevava, e D.ª Gilda sentára-se numa das cadeiras que rodeavam a mesa vazia. Dali, observava a neve enquanto, também, imaginava as casas cheias de luzes e de gente feliz, as crianças presenteadas correndo sorridentes pelo interior das suas casas e os adultos à volta das suas mesas repletas de comida, enquanto conversavam. D.ª Gilda, diante da janela que se encontrava pálida devido à brancura da neve, da falta de luz e da ausência de convívio, sorria tristemente, pois, a cada segundo que passava, sentia cada vez mais a velhice.

            Um gato preto, que naquele momento estava branco por causa da neve e de bigodes arrepiados causado pelo frio, sentou-se no parapeito da janela sem cor da dona Gilda. Esta, cheia de pena, abriu a porta, deixando o bichano entrar. Depois de sacudir o manto de neve que o cobria, esfregou-se, miando, nas pernas da sua salvadora que já se encontrava na cozinha, aquecendo-lhe uma taça de leite que, momentos depois, bebeu com prazer.

            De volta ao lugar onde se encontrava, D.ª Gilda aconchegou a manta sobre as pernas. Nesse mesmo instante, o gato saltou para o seu colo e, finalmente, ela sentiu calor, fazendo-a sentir-se amada, mesmo não sendo amor vindo do Homem. O gato ronronava quando a mão de D.ª Gilda deslizava pelo seu pelo macio que já se encontrava seco. E foi assim que este gatou conquistou a velha senhora que acabou por ficar com ele, restituindo-lhe um pouco da alegria natalícia. Desta forma, o Natal ganhou vida.

Depois de pensar um pouco, D.ª Gilda levantou-se e foi acender as luzes da velha árvore de natal esquecida a um canto e também as do seu quintal. Com isto, não só a casa ficou colorida, como antigamente, como também fez aquela esquecer a solidão e o envelhecimento.

Mais feliz, festejou sorridente o Natal com o seu novo amigo patudo.

Bárbara Brazão, 1124

 
 
 

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