Relato de uma capitã
- Desafios da Escrita
- 1 de jul. de 2021
- 3 min de leitura
Hoje encontrei-me sentada à janela do meu quarto, quando dei por mim a imaginar uma história de tempos antigos, lá daqueles dos tempos de guerra em que se obrigava soldados a lutar em terras distantes.
Na minha imaginação eu era a personagem principal. A história começava comigo sentada naquelas enfermarias pré construídas onde as paramédicas ajudam os soldados feridos. Enquanto me sentava, para me ser feito um penso rápido devido a uma ferida ligeira, dei por mim, a espreitar o carteiro de guerra ao entregar cartas.
O nosso carteiro chamava-se Álvaro, era o nosso adorado “Anjo sem asas”. A um instante da minha distração de uma conversa rápida com uma das enfermeiras, Álvaro virou-se para mim e disse – “Hoje temos carta senhora”. Nesse exato momento, senti-me tranquila ao saber que o meu amado marido estava a olhar por mim, sendo que, eu o tinha substituído na guerra, pois ele ter- -se-ia magoado e se não voltasse ao seu posto iria ser preso.
Olhei para o outro lado e vi o major Alfredo a preencher alguns documentos. Esse homem era de estatura média, olhos escuros, cabelo castanho, boca pequena, barba média e tinha um nariz meio curvo. Alfredo era um dos homens mais odiados naquele lugar, além de ser um homem muito sereno, tinha muita falta de empatia perante os seus graduados. Este tipo de comportamento deveu-se ao facto de toda a sua vida ter sido incompreendido o que, agora, o tornou numa pessoa insensível. Mas, embora o achasse uma pessoa fria, sempre tentei compreendê-lo.
A partir do momento em que estive na minha primeira batalha ou como muitos soldados diziam “na primeira dose”, aprendi realmente a dar valor à vida e à paz em que nós realmente vivemos. Por outro lado, vi muitos soldados amedrontados e fracos, psicologicamente, (aí realmente consegui afirmar que os 70% dos soldados que vão para a guerra não usam a arma). Muitas destas pessoas que iam para a guerra, iam pela razão de não quererem estragar a honra de família ou para impressionar alguém, mas quando estes chegavam à hora da verdade, fugiam e até, em último recurso, cometiam suicídio.
Numa altura em que eu estava no terreno, avistei uma cabana com uma família escondida. Por essa razão, decidi cercar a área para ninguém se aproximar da cabana, e assim, por mais incrível que pareça, não tive de abater ninguém. Passada uma hora, fui falar com a família constituída pelo pai e a mãe, por uma filha bem mocinha e dois filhos por volta dos 16-17 anos. Para os salvar, tracei num mapa um trilho por onde esta família podia fugir e ficar a salvo.
Por volta dessa altura, já teriam passado 5 meses em que estava no campo de batalha. Tanto aprendi a evoluir psicologicamente, como a ganhar mais tolerância perante os inferiores e outros camaradas, com as suas numerosas personalidades. Aprendi, também, a permanecer serena, como deve ser um capitão, pois eu era a capitã de uma missão que tinha o propósito de proteger os habitantes da ilha de Capri, que estavam sobre ataque.
Dois meses mais tarde, a minha missão estaria concluída e poderia voltar a casa para junto do meu marido. A partir deste exato momento, tomo muito mais atenção ao que se passa ao meu redor e aprecio mais as pequenas coisas da vida.
Beatriz Sousa – 11º 25 (2020/2021)
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