Uma lição de ciências naturais
- Desafios da Escrita
- 19 de abr. de 2024
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Uma lição de ciências naturais
Era uma manhã amena de primavera. Maia e a sua avó Fernanda passeavam pelo vasto prado de flores silvestres da propriedade da família. O espaço, extremamente, agradável oferecia uma grande paz e conforto, para não falar do contacto com a natureza que era importantíssimo para crianças da idade de Maia. A avó, preocupada, justamente, com o desenvolvimento saudável da neta, levava-a em passeios regulares e aproveitava para se exercitar e apanhar um pouco de sol. Ao que tudo indicava, seria mais um passeio normal no qual Maia correria atrás de borboletas, esconder-se-ia entre as árvores e rolaria pela vegetação rasa, enquanto a avó tentaria acompanhá-la. Mas Maia parecia muito mais calada do que o habitual. Fernanda, que observava atentamente a neta, estranhou a quietude e aproximou-se da pequena. Qual não foi o seu espanto ao ver que a menina estava a tentar alcançar uma colmeia de abelhas:
- Desce daí devagar, Maia! Para de tentar incomodar as abelhas. Elas vão picar-te se estragares a casa delas - disse a avó, tentando parecer calma para não fazer com que a neta fizesse movimentos bruscos. Maia já sabia que não podia ser barulhenta nem espalhafatosa perto de abelhas, então, saiu de perto da colmeia, silenciosa e calmamente. Enquanto se aproximava da avó, que estava visivelmente zangada, começou a falar:
- Desculpa avó… Em estudo do meio, a professora está a falar sobre as abelhas. Ela mostrou-nos vídeos e imagens sobre a estrutura social delas. Sabias que elas dançam para se comunicarem? E que os bebés estão nos favos? E que há a abelha rainha, as operárias e os zangões? Sabias que elas fazem reservas de mel e camadas de resina chamadas de própolis, que reforçam a colmeia? Oh! E sabias que o mel é o cuspo do pólen da boca das abelhas? É nojento, eu sei.
A avó estava muito surpresa com o conhecimento da neta e, apesar do susto, não escondeu a sua felicidade. Aproveitou e tentou ver o quanto Maia sabia sobre as abelhas:
- Hm, então estavas a tentar ver se conseguias observar tudo isso de perto.
Maia acenou com a cabeça.
A manhã passou a correr e quando se aperceberam já passava da hora do almoço. Voltaram para casa decididas a ajudar o planeta. Não foi mais um passeio agitado como os de costume. As duas sentaram-se encostadas a uma árvore enquanto falavam sobre as abelhas. Maia aprendeu muita coisa sobre como as abelhas são importantes para a polonização das flores e aprendeu que, sem elas, ficaríamos com uma variedade muito reduzida de alimentos. Aprendeu sobre como os agroquímicos e agrotóxicos estão a matar as abelhas e aprendeu sobre como a própria produção de mel é horrível e tortuosa para elas, que trabalham durante toda a vida para produzirem o seu alimento (uma colher de sopa de mel equivale ao trabalho da vida inteira de 8 abelhas) e acabam por vê-lo ser roubado e por ver os seus próprios bebés a morrerem no processo. Ela entendeu o porquê da avó nunca comprar mel e de usar melado de cana, calda de agave, néctar de coco e xarope de ácer em vez do mel. Alguns destes “substitutos” são até mais saudáveis porque o mel contém muito açúcar e é das principais causas do aparecimento de cáries em crianças e pode, também, contribuir para o desenvolvimento de diabetes tipo II. Ao ver que as abelhas são vítimas da poluição ambiental, Maia começou a preocupar-se muito mais com o tema e a avó ajudou-a, com prazer. Agora, Maia agradece às abelhas por polonizarem as plantas e por aumentarem o oxigénio e a variedade de cor no seu prato.
Ambas, neta e avó, tornaram-se ainda mais apaixonadas pela natureza e faziam tudo ao seu alcance para ajudar o planeta terra.
Escusado será dizer que, na aula de estudo do meio, depois daquele passeio, Maia deu uma lição à turma sobre as suas novas amigas. As preciosas abelhas!
Carolina Ferraz – 11º 25
2020
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