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A pandemia contada ao meu filho

  • Desafios da Escrita
  • 15 de nov. de 2021
  • 2 min de leitura

Hoje, dia 20 de abril de 2035, estava na sala à conversa com o Matias, o meu filho, e ele perguntou-me qual tinha sido o momento mais triste da minha vida.

Principiei por lhe dizer que começou no dia em que estava na sala com os seus avós e soubemos de uma doença que estava a matar milhares de pessoas na China. E aproveitei para lhe dizer que as coisas não têm de acontecer perto de nós para nos preocuparmo-nos com isso.

De seguida, disse-lhe que durante as aulas achámos estranha a ideia de usarmos máscara, e alguns até gozaram com isso, mas o nosso dia chegou. O dia em que apareceu, na Madeira, o primeiro caso importado. Todos ficámos apavorados e, a partir desse dia, estipulou-se a regra de usarmos máscara na rua.

Era um verão quente. Tentei explicar-lhe a frustração que sentíamos por não podermos ir à praia com amigos, vermos as festas serem todas canceladas e os bares e restaurantes estarem fechados. Ele não quis acreditar quando pensou em como seria se ficasse duas semanas sem jantar fora, ou sem tomar um pequeno-almoço na padaria que ele tanto gosta.

Todavia, o regresso às aulas foi o pior e o mais assustador. Os casos positivos eram absurdos, mas sentíamos saudades dos nossos amigos e queríamos estar juntos. Então, regressámos à escola, depois de nos fazerem uns testes que consistiam em nos meterem uma espécie de cotonete gigante no nariz e na garganta para detetar se tínhamos o vírus ou não. Se tivéssemos, teríamos de fica em casa 14 dias, se não, íamos para a escola, mas sempre de máscara e com cuidado.

Porém, esse controlo faltou a muita gente e, por isso, foi implementado o recolher obrigatório, o qual não nos permitia sair à noite.

Expliquei-lhe que foram momentos difíceis, como era chato estar sempre em casa e não podermos ver a família que não vivia connosco, mas mostrei-lhe o lado positivo: o facto de estar eu, o seu tio, o seu avô e avó, todos juntos na sala a ver um programa, estávamos a valorizar mais o tempo passado com os nossos e a fortalecer laços.

Com o passar dos dias, muitas pessoas não cumpriram as regras estipuladas e, se não apanharam covid, foi sorte…

Finalmente, aproveitei para lhe demonstrar uma lição para a vida, disse-lhe que era naqueles momentos que tinha que ter amor próprio e não se deixar guiar pelas ações dos outros e fazer sempre o que achasse que estava correto,

Rematei a conversa, dizendo que o amava muito e que, se um dia passasse por um momento assim, eu iria estar ao lado dele. Dei-lhe um enorme beijinho na testa e levei-o ao colo até ao quarto, onde o embalei e o deixei a descansar.



Marta Aguiar. 11º 26 – 2020/21

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