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O barco de papel

  • Desafios da Escrita
  • 14 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Quando somos crianças não é anormal termos um grande gosto pela natureza. Quando ela era criança, tinha um grande fascínio pelo lago da propriedade dos pais.

Ela costumava sentar-se na sombra do salgueiro, que ficava na margem do lago, e adormecer com o som das folhas ao vento e com os raios de sol gentis que passavam por entre elas. Ao acordar, o seu olhar suavizava com a visão do lago e do brilho que a água possuía, graças à permanência daquele sol. Ao esticar o braço, conseguia alcançar e sentir a frieza agradável do lago e, ao inclinar-se, podia contemplar a vida que existia dentro dele. Era, de facto, uma visão bela no meio de um ambiente agradável.

Certo dia, tirou o caderno da mochila e começou a fazer um barquinho de papel. Ao colocá-lo na água, cuidadosamente, deslumbrou-se com a forma graciosa com que ele deslizava pela água. Feliz com o sucesso da construção do barquinho (e porque já estava quase na hora do jantar e o pai deveria estar prestes a chamá-la) decidiu voltar e prometeu, em pensamento, trazer a mãe no dia seguinte e mostrar-lhe o barco de papel no lago.

Ao amanhecer, a primeira coisa que fez foi levar a mãe para o lago. Assim que chegou ao seu destino, a menina chorou. Já não havia barco de papel à vista. A mãe acariciou os seus cabelos numa tentativa de confortá-la e disse:

- Barcos de papel, eventualmente, afundam. O papel absorve a água e fica sem forma e sem força, até que acaba por se diluir.

A menina não parecia feliz com a resposta e a única forma de expressar o seu descontentamento foi fazendo beicinho e se agarrando à mãe. Perante a desilusão da filha ela disse:

- Agora o papel faz parte do lago. Não há como trazê-lo de volta à sua forma inicial, mas não é algo, assim, tão mau, não é?

A menina assentou com a cabeça e as lágrimas começaram a secar. Mas, ainda, perguntou:

- Não há nenhuma forma de mudar isso, mesmo?

- Não, meu anjo.

- Então, o que posso fazer? Ainda me lembro do barquinho… Era tão bonito, e eu queria tanto que o visses…

- O que podes fazer? Deixar ir, suponho. Vais ver que, mesmo sendo difícil, vais sentir-te melhor.

A mãe fez mais um carinho, enquanto a puxava para um abraço, acrescentando:

- Não faz mal, meu anjo. Quando o pai chegar a casa, vamos todos construir um barquinho que não se dilua nem se afunde na água.



Carolina Ferraz – 11º 25 (2020/21)

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